📜 Histórico da Linha Sul e da Estação de Jequi (Iramaia – BA)
A chamada Linha Sul (Mapele–Monte Azul) é resultado de um longo processo de integração ferroviária iniciado ainda no século XIX. Ela nasceu da união de várias ferrovias históricas da Bahia, entre elas a Estrada de Ferro Central da Bahia, a Estrada de Ferro Bahia ao São Francisco, a Estrada de Ferro de Santo Amaro e a Estrada de Ferro Centro-Oeste da Bahia.
Entre 1935 e 1939, essas ferrovias foram reunidas sob a denominação Viação Férrea Federal do Leste Brasileiro (VFFLB). Com essa unificação, as linhas foram interligadas e estendidas, alcançando em 1951 a cidade mineira de Monte Azul, onde se conectavam à Estrada de Ferro Central do Brasil. Assim, os trilhos passaram a ligar Salvador e Mapele ao interior de Minas Gerais, criando um importante corredor ferroviário.
Durante décadas, trens de passageiros circularam por diversos trechos da linha. Com o passar do tempo, esses serviços foram sendo reduzidos. Em 1979, os trens de passageiros desapareceram quase totalmente, restando apenas o trecho Iaçu–Monte Azul, no sul da linha. Já entre Mapele e Candeias, a circulação de passageiros resistiu até o início da década de 1980. Atualmente, a linha é utilizada apenas por trens cargueiros, que ainda enfrentam dificuldades, especialmente no gargalo do rio Paraguaçu.
🚉 A Estação de Jequi
A Estação de Jequi, também conhecida historicamente como Jequy ou Jiqui, foi inaugurada em 1921. Durante seus primeiros anos, teve grande importância regional, chegando a ser ponta de linha por seis anos, o que a transformou em um ponto estratégico para o transporte e a circulação de pessoas e mercadorias.
Localizada no bairro de Jequi, distrito de Novo Acre, no município de Iramaia, a estação ajudou a formar a vila ao seu redor. Em 2010, o bairro contava com cerca de 600 habitantes, refletindo a herança ferroviária que moldou sua ocupação e identidade.
Assim como a estação de Sincorá, a estação de Jequi possuía o dístico em letras de alto-relevo, característica marcante das construções ferroviárias da época. No entanto, com o fim do transporte de passageiros e o abandono progressivo da linha, a estação acabou entrando em estado de abandono.
⚠️ Registro histórico
Em 1925, um descarrilamento próximo à estação de Jequi ganhou destaque na imprensa, sendo noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 19 de fevereiro daquele ano. O episódio ilustra os desafios técnicos enfrentados pela ferrovia em seus primeiros tempos.
📷 A linha nos dias atuais
Mesmo com a desativação da estação, os trilhos da antiga VFFLB ainda cortam o bairro de Jequi. Registros fotográficos feitos em 2009 e 2010 mostram a linha ativa, com a passagem ocasional de trens da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), mantendo viva, ainda que discretamente, a memória ferroviária da região.
🕰️ Memória e identidade
A estação de Jequi e a Linha Sul representam mais do que infraestrutura: são símbolos de um período em que o trem foi sinônimo de progresso, integração e esperança para o interior baiano. Preservar essa história é valorizar a identidade de um povo que cresceu ao som dos trilhos e do apito da locomotiva.